Universidade Federal da Bahia

Dissertação de Mestrado

	Carvalho, José B. (2000)
	Caracterização Morfoestratigráfica do Preenchimento Sedimentar da Baía de Iguape, Bahia: influência das variações eustáticas do nível no mar e atividades tectônicas recentes
	Data de Aprovação: 31.03.2000
	Banca Examinadora: Dr. Guilherme Camargo Lessa (Orientador), Dr. Cleverson Guisan da Silva, Dr. José Maria Landim Dominguez
RESUMO	A Baía de Iguape, um apêndice da Baía de Todos os Santos, com 80 km2, é limitada por escarpas de falhas que sugerem um forte controle tectônico da sua geomorfologia. Testemunhos rasos e perfis de sísmica obtidos nos setores sul e central da Baía de Iguape possibilitaram a identificação das fácies sedimentares de Lama Intermareal Superior, Lama Intermareal Inferior, Lama Inframareal, Lama Arenosa de Canal de Maré, Areia Lamosa Fluvial e Areia e Cascalho Coluvionar. As quatro primeiras constituem uma seqüência estuarina depositada em ambiente de baixa energia. A Fácies de Areia Lamosa Fluvial é resultante da deposição pelo Rio Paraguaçu no setor central da baía, definido como um delta fluvial de cabeceira de estuário. A Fácies de Areia e Cascalho Coluvionar apresenta três gerações distintas: a primeira, na base, depositada antes da inundação marinha pela última transgressão; a segunda, depositada concomitantemente à inundação inicial; e a terceira, depositada sobre a seqüência estuarina da margem oeste e próxima à superfície. Do ponto de vista estratigráfico, foram identificados nas fácies sedimentares os tratos de sistemas de Mar Baixo, Transgressivo e de Mar Alto e as prováveis superfícies estratigráficas Limite de Seqüência, Transgressiva, Ravinamento pela Maré e Diastema de Cabeceira de Estuário. A presença do coral Astrangia braziliensis e dos briozoários Stylopoma informata, Nellia Oculata e Celleporaria carvalhoi na Fácies de Lama Arenosa de Canal de Maré é tida como indicativa de condições mais próximas das marinhas durante a deposição desta fácies. Datações radiométricas de amostras de conchas Crassostrea rhizophorae e Anomalocardia brasiliana, calibradas para idades astronômicas, permitiram inferir uma elevação do nível relativo do mar da ordem de 2,8 mm/ano no período de 9200 a 7400 anos cal AP.. A interdigitação da Fácies de Areia e Cascalho Coluvionar com as fácies estuarinas, o desnivelamento do contato entre as fácies intermareais Superior e Inferior e a provável instalação do ambiente intermareal no sul da baía em torno de 1.300 anos cal A.P. sugerem a existência de movimentos tectônicos recentes na baía.
ABSTRACT	The Iguape Bay, an 80 km2 indentation of Todos os Santos Bay, is delimited by fault scarps that suggest a significant tectonic control of the geomorphology. Shallow vibro-cores and seismic profiles obtained in the central and southern sectors of the bay allowed the identification of 6 sedimentary facies: Upper intertidal mud, Lower intertidal mud, Subtidal mud, Tidal channel sandy-mud, Fluvial muddy-sand and Coluvial sand and gravel. The first four facies represent an estuarine sequence deposited in a low energy environment. The Fluvial sand fronts the outlet of Paraguaçu River in the central sector of the bay, forming a bay-head delta. The Coluvial sand and gravel encompass three generations of slope deposits: the first, at the base of the bay's sedimentary sequence, was deposited prior to the Holocene marine flooding; the second, also in a low stratigraphic position, was deposited concomitantly to marine flooding; and the third, at the top of the sedimentary sequence, was deposited in the Later Holocene. From a stratigraphic point of view, a Lowstand, a Trangressive and a Highstand System Tract were recognized within the sedimentary facies, and four stratigraphic surfaces (sequence boundary, transgressive, tidal ravinement and tidal diastem) tentatively identified. The presence of Astrangia braziliensis coral and Stylopoma informata, Nellia Oculata and Celleporaria carvalhoi briozoas in the Tidal channel sandy-mud facies is interpreted as indicative of conditions closer to marine at about 2300 cal years B.P.. Radiocarbon dating of shells and organic detritus allowed the assessment of a relative sea-level rise in the order of 2,8 mm/year between 9200 and 7400 cal years BP. The uneven distribution and lower elevation of the contact between intertidal and subtidal facies, the interfingering of estuarine and coluvial facies and the recent (@1300 cal years BP) establishment of intertidal areas in the southern sector of the bay, suggest recent tectonic movements in the bay.