O presente trabalho de dissertação aborda, através
do domínio das ondas planas, duas novas metodologias para etapas
importantes do processamento sísmico, que são as operações
de atenuação de mútiplas do fundo do mar e de migração
pré-empilhamento. Para o entendimento dessas duas novas técnicas
são discutidas as teorias envolvidas, bem como suas respectivas
implementações e resultados, esses últimos obtidos
por intermédio de dados sintéticos e reais.
A metodologia para atenuação de múltiplas no domínio
das ondas planas baseia-se na equação da onda, na medida
que, a partir dos refletores
primários, pode-se simular, no domínio tau-p, os eventos
repetitivos e corrigí-los de amplitude e fase, através de
um filtro modelador. A operação de remoção
é finalmente completada quando essas múltiplas modeladas
são subtraídas diretamente do registro original. Os resultados
obtidos em dados sintéticos demonstran a aplicabilidade resgistra
dessa técnica a modelos de camadas plano-horizontais (1-D), já
que apenas nessas situações a periodicidade entre as primárias
e suas múltiplas fica garantida em um mesmo parâmetro de raio.
Entretanto, essa metodologia mostra excelentes resultados quando aplicada
a dados reais, como no caso de uma linha sísmica da Noruega e outra
do Golfo do México. Nesta última, com um grande domo de sal,
a atenuação de múltiplas não se restringiu
somente ao fundo do mar, funcionando satisfatóriamente também
sobre reverberações internas à almofada de sal, produzindo
um resultado superior ao da técnica tradicional de filtragem de
mergulhos (filtro F-K), até mesmo quando a esse filtro foi adicionado
o recurso de silenciamento dos afastamentos mais próximos.
A técnica de migração pré-empilhamento,
inicialmente discutida em profundidade e também implementada em
tempo, baseia-se na solução da equação acústica
da onda. A partir da decomposição prévia do campo
de ondas em componentes de ondas planas, pode-se efetuar a depropagação
dessas ondas nos receptores, bem como fazer a continuação
descendente dessas ondas a partir das posições assumidas
pela fonte. Para isso, inicialmente, todos os registros de tiro são
levados ao domínio tau-p e reagrupados em seções de
parâmetros de raio comum, onde uma simples transformada Fourier,
aplicada no espaço e no tempo, deixa essas seções
no domínio w-ks (freqüência - número
de onda de fonte), onde trabalha o operador de extrapolação
do tipo ``phase-shift'', semelhante ao da migração pré-empilhamento
de (Yilmaz80}. A imagem em profundidade é obtida quando são
somadas as diversas seções migradas de parâmetro de
raio constante. A extensão deste método para meios com variação
lateral de velocidade é feita através de uma correção
de fase aplicada em cada passo de profundidade (Dz),
que guarda semelhança com a técnica empregada na migração
pós-empilhamento conhecida como ``split-step'' (Stoffa90). Os resultados
obtidos em dados sintéticos, aplicados em diversos modelos em profundidade,
inclusive com variação vertical e horizontal de velocidade
(2-D), bem como aplicados em tempo, mas apenas como gradiente vertical
(1-D), foram considerados muito bons. Entretanto, quando esse método
foi aplicado em dados reais, a exemplo da linha sísmica do Golfo
do México, os resultados obtidos pela migração pré-empilhamento,
tanto para velocidade intervalar em profundidade, como para velocidade
intervalar em tempo ou mesmo RMS em tempo, não corresponderam ao
esperado, em virtude dos respectivos campos de velocidade utilizados nestas
migrações não serem adequados. Haja vista, que esses
campos foram determinados a partir de análise de velocidade
convencional, de forma que esta técnica não considera,
no cômputo das velocidades, a influência dos diversos parâmetros de raio,
principalmente os parâmetros de raio com valores mais elevados,
relativos aos eventos com maior inclinação. A elaboração
de novas análises de velocidade, evitando essas deficiências,
poderia ser feita através de técnicas de análise de
velocidade por migração, principalmente para o caso do campo
de velocidade intervalar em profundidade, e não por intermédio
de conversões tempo-profundidade, acrescidas de posteriores interpolações,
como as que foram feitas para a aplicação desta metodologia
em dado real, o que com certeza produziria uma melhor resposta nos resultados
obtidos por essas migrações de seções de mesmo
parâmetro de raio.
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New approaches into two important techniques of seismic processing are
shown in the plane wave domain; namely sea-floor multiples suppression
and prestack migration. The theory underlying these procedures is discussed
and their results obtained through synthetic and real data are shown.
The procedure for multiple attenuation in the plane wave domain is based
on the wave equation so that the primary reflection can be used to simulate
multiple events in tau-p domain. After this, the amplitude and phase of
these reverberations can be corrected by using a matching filter. This
operation is completed when modeled and corrected multiples are subtracted
from original data. On synthetic data from plane-horizontal model this
multiple suppression approach works quite well, because the periodicity
between primary and multiples in tau-p domain can be guaranteed over the
same offset ray parameter. However, even when this task was applied over
real data of seismic lines from Norway and the Gulf of Mexico, the results
were positive. On the Mexican seismic line, which has a salt dome, the
multiple attenuation worked well not only for the sea-floor but also for
the reverberations on top and bottom of the salt dome and for the peg-leg
from these two interfaces. The results with the multiple attenuation method
presented here were compared with the results from convencional multiples
removal by dip filtering (F-K filter) with internal mute, and gave the
best results.
The prestack migration technique in the plane wave domain is based
on the solution of acoustic wave equation. Initially the shot gathers are
transformed to tau-p domain and sorted on common offset ray parameter sections.
After that, these sections are transformed to frequency - source wavenumber
domain (w-ks) by a simple Fourier transform in order to apply
the prestack migration operator, which works as the phase-shift poststack
migration technique (Gazdag78) and similar to the prestack migration procedure
of (Yilmaz80). The image is obtained when all common offset ray parameter
migrated sections are summed. The prestack migration operator can also
accept lateral velocity (2-D) as long as a phase correction is applied
as split-step migration procedure (Stoffa90). Different synthetic
data were migrated in depth and also in time, and the results were considered
very good. On the other hand, the results weren't the expected for real
data from the Gulf of Mexico and the main reason for
that were the velocity fields used on it. The velocity fields used
on these prestack migrations were obtained by traditional 1-D semblance
velocity analysis so that this procedure does not consider the influence
of many offset ray parameters on it, mainly the ray parameters related
to diping events. The elaboration of new velocity analysis that take into
account these limitations could be done by velocity analysis migration
methods, avoiding the time-depth conversions, and certainly it would show
a better result for common offset ray parameter migrated sections.
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