Universidade Federal da Bahia


Curso de Pós-Graduação em Geologia

Dissertação de Mestrado


Barbosa, Johildo Salomão Figueiredo (1982)

O manganês do Oeste da Bahia.
Data de Aprovação: 25.08.1982
Banca Examinadora: Dr. Paulo Ganem Souto (Orientador), Dr. José Vicente Valarelli, Proj. Shiguemi Fujimori.
RESUMO Mais de cinqüenta depósitos de manganês são conhecidos numa área de aproximadamente 127.000km2 na região oeste do Estado da Bahia constituída por rochas de idades arqueana e /ou proterozóica inferior a quaternária. Do Arqueano e/ou Proterozóico Inferior ocorrem rochas migmatíticas, gnássicas e graníticas. O Proterozóico Superior está representado por rochas do Grupo Rio Preto, constituindo uma zona miogeossinclical (xistos, filitos grafitosos, quartzitos, metassiltitos, conglomerados e gonditos) e rochas do Grupo Bambuí formando uma zona pericratônica (ardósias, metassiltitos, às vezes manganíferos, lentes de meta-calcários e meta-dolomitos) e uma zona cratônica (siltitos, argilitos, às vezes manganíferos, calcários e dolomitos). Estas são rochas de idade brasiliana (± 700 Ma) depositados sobre as rochas arqueanas e/ou proterozóicas citadas anteriormente. Grande parte dessas litologias encontra-se sobreposta pelos sedimentos areno-argilosos da Formação Urucuia (Cretáceo) e por coberturas arenosas de idade terciária e quartenária.

Os depósitos de manganês estão associados às rochas dos grupos Rio Preto e Bambuí. Foram formados por processos supergenéticos atuando sobre protominérios (gonditos, ardósias/metassiltitos, argilitos/siltitos manganíferos) possivelmente durante os ciclos geomorfológicos Velhas (Terciário Superior), Paraguaçu (Quartenário) ou em episódios climáticos mais recentes. dois tipos de minérios de manganês são identificados na área: minério formado ‘in situ’ e minério colúvio-eluvionar/crostas manganíferas. Os estudos petrográficos e de difração de raios-X realizados nesses materiais revelaram uma mineralogia de minério composto de litioforita (?), pirolusita e principalmente criptomelana. Os minerais de ganga identificados foram espessartita, quartzo, argilas e micas.

Dados químicos de alguns componentes maiores e menores e de elementos traços selecionados nos protominérios e encaixantes mostram uma relação direta de concentração de Ba, Co, Cu, Ti, V e Ni com o enriquecimento de manganês. Por outro lado, um empobrecimento em ferro, alumina e sílica é evidenciado nos níveis onde o manganês se concentra. Os teores de Ba, Co e V nos minérios de manganês do oeste da Bahia são notavelmente superiores aos encontrados em outros depósitos do mundo, inclusive nos nódulos de manganês submarinos.

A reserva medida recuperável de seis depósitos situa-se em torno de 200.000 toneladas com teores médios acima das especificações exigidas pela indústria siderúrgica.

ABSTRACT Over fifty manganese deposits are known in an area of about 127.000 km2 on the western part of Bahia State in rocks ranging in age from Archean and/ or Early Proterozoic to Quaternary. The Archean and/or Eraly Proterozoic terrains consist of migmatites, gneisses and granites. The Upper Proterozoic is represented by (i) a miogeossynclinal zone constituted of schists, graphitic phyllites, quartzites, siltstones, conglomerates and gondites that make up the Rio Preto Group; (ii) a pericratonic zone with manganese bearing slates and siltstone, and (iii) a cratonic zone also with manganese bearing siltstone and shales, limestone and dolomite, the latter two zones constituting the Bambuí Group. These rocks are of Brasiliano age (± 700 My) and were deposited over above mentioned Archean and/or Early Proterozoic rocks. Most of these lithologic units are overlain by sandy and argillaceous sediments of the Urucuia Formation (Cretaceous) and arenaceous cover of tertiary and quaternary ages.

The manganese deposits are associated with rocks of the rio Preto and Bambuí Groups. They were formed by the action of supergenic processes over manganese Proto-ores (gondites,slates, metasiltstones) possibly during the geomorphologic cycles Velhas (Upper Tertiary), Paraguaçu (Quaternary) or during more modern climatic events. Two types of manganese ores were identified: the ore formed ‘in situ’ and the eluvial-colluvial/manganese crust ore. By means of petrographic and X-ray dipbratometric analyses have revealed the presence of the following Mn-oxides inthe ores: lithioforite, pyrolusite and cryptomelane. Spessartite, quartz, clays and micas are the gangue minerals.

It has been trace elements in the ores, protores and country rocks, that concentration of Ba, Co, Cu, Ti, V and Ni bear a positive correlation with manganese in those materials. On the other side, the levels with high concentrations of manganese are depleted in iron, aluminum and silica. The Barium, cobalt and vanadium contents of the manganese ores of the region are notably higher than those found in other manganese deposits of the world, including the submarine manganese nodules.

Six of these nabganese deposits add up to 200.000t of recoverable reserves with medium grade above the especifications of the steel industry.