Universidade Federal da Bahia
Curso de Pós-Graduação em
Geologia
Dissertação de Mestrado
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Domingues, José Maria Landim (1983) |
Evolução quaternária da planície costeira associada à foz do Rio Jequitinhonha (BA): Influência das variações do nível do mar e da deriva litorânea de sedimentos. | |
Data de Aprovação: 31.05.1983 | |
Banca Examinadora: Prof. Abílio C. S. P. Bittencourt (Orientador), Dr. Kenitiro Suguio, Dr. Louis Martin. | |
RESUMO |
As variações do nível do mar durante o
Quartenário, ao longo da costa do Estado da Bahia, desempenharam
um importante papel no desenvolvimento da planície costeira associada
à foz do rio Jequitinhonha. Nove estágios foram identificados,
representando a evolução paleogeográfica dessa
planície: Estágio I) Plioceno - deposição da
Formação Barreiras como uma série de leques aluviais
coalescentes; Estágio II) Pleistoceno - erosão da
porção externa na Formação Barreiras pela
Transgressão Mais Antiga; Estágio III) Pleistoceno -
deposição de leques aluviais coalescentes aos pés da
linha de falésias instalada nos sedimentos detríticos da
Formação Barreiras durante a Transgressão Mais Antiga;
Estágio IV) 120.000 anos B.P. - a Penúltima Transgressão
erodiu parcialmente os leques aluviais pleistocênicos; Estágio
V) Pleistoceno - um abaixamento do nível do mar possibilitou a
construção de uma planície costeira similar àquela
existente nos dias atuais; Estágio VI) 5.100 anos B.P. - última
Transgressão erodiu e afogou parcialmente a planície costeira
pleistocênica, que tornou-se em parte isolada do mar aberto por uma
linha de ilhas-barreiras; Estágio VII) 5.100-3.800 anos B.P. - um
evento regressivo permitiu a construção da primeira zona de
progradação holocênica do rio Jequitinhonha. A
progradação da linha de costa foi interrompida por uma pequena
oscilação positiva do nível do mar entre 3.800 e 3.500
anos B.P., que também provocou um deslocamento no curso do rio;
Estágio VIII) 3.500-2.700 anos B.P. - associada à nova
desembocadura foi construída a segunda zona de progradação
holocênica do rio Jequitinhonha, no evento regressivo que caracteriza
esse período. A segunda zona da progradação foi afinal
em função da elevação do nível do mar
ocorrida entre 2.700 e 2.500 anos B.P. Esse evento foi a causa também
de novo deslocamento no baixo curso do rio Jequitinhonha, quando este rio
ocupou então seu canal atual; Estágio IX) após 2.500
anos B.P. - associada ao evento regressivo que se seguiu a essa data foi
construída a terceira zona de progradação holocênica
do rio Jequitinhonha.
Durante todos os estágios da construção da Planície Costeira do rio Jequitinhonha fatos a controlar a sedimentação quaternária foram as viariações do nível relativo do mar. O abaixamento desse nível durante os últimos 5.000 anos, expondo grandes quantidades de sedimentos na plataforma continental, representou o mecanismo de proveniência de sedimentos a alimentar a progradação da planície costeira. Neste aspecto, o rio desempenhou apenas um papel secundário, atuando principalmente à semelhança de um molhe, e retendo à barlamar os sedimentos transportados ao longo da costa por correntes longitudinais induzidas pela ação das ondas. |
ABSTRACT |
Quaternary sea level fluctuations, along the coast of the coast of the State
of Bahia, played an important role on the development of the Jequitinhonha
River coastal plain. Nine stages were recognized representing the paleogeographic
evolution of this plain: Stage I) Pliocene - deposition of the Barreiras
Formation as a series of alluvial fans; Stage II) Pleistocene - the Most
Ancient Transgression, which eroded, during its course, the external front
of the Barreiras Formation; Stage III) Pleistocene - deposition of coalescing
alluvial fans, at the foot of the coastal cliffs, carved by the Most Ancient
Transgression, into the Barreiras sediments; Stage IV) 120,000 years B.P.
- The Penultimate Transgression partially eroded the Pleistocene alluvial
fans; Stage V) drop of the sea level, leading to the construction of coastal
plain similar to those one that exist today; Stage VI) 5,100 years B.P. -
the Last Transgression partially eroded and drowned the Pleistocene coastal
plain, which became, in part, isolated from the open sea by barrier islands;
Stage VII) 5,100 - 3,800 years B.P. - a new regression, allowed development
of the first holocenic Jequitinhonha River Progradation zone. Coastline
progradation was interrupted by another rise of sea level at 3,800 - 3,500
years B.P., which also caused lateral shifting of the river course; Stage
VIII) 3,500 - 2,700 years B.P. - at the new river mouth the second holocenic
Jequitinhonha River Progradation zone was constructed and again drowned during
arising sea level between 2,700- 2,500 years B.P. This new event was the
cause of a sew shifting of the channel to its today position; Stage IX) after
2,500 years B.P. - the present day progradation zone initiated its development.
During all these stages the main factor affecting the Quaternary sedimentation at Jequitinhonha River coastal plain was the relative sea level variations. The lowering of sea level during the last 5,000 years, exposing large amounts of sediments into the Continental Shelf, represented the main source of sediments to nourish the progradation of these coastal plain. Considering this, the river played only a secondary role acting as a groyne and retaining on its updrift side, the sediments transported coastwise by wave-induced longshore currents. |