Universidade Federal da Bahia


Curso de Pós-Graduação em Geologia

Dissertação de Mestrado


Silveira, José S. (1991)

Dinâmica de sedimentação em um mar raso antigo - Formaçães Caboclo e Morro do Chapéu (Proterozóico Médio)
Data de Aprovação: 07.06.1991
Banca Examinadora: Dr. José M. L. Dominguez (Orientador), Dr. Geraldo S. Vilas Boas, Dr. Ubiratan Faccini.
RESUMO A descrição minuciosa dos depósitos pertencentes a Formação Caboclo e Morro do Chapéu na região de Morro do Chapéu (Estado da Bahia), objetivou uma melhor compreensão da dinâmica de sedimentação em mares rasos antigos dominados por tempestade e por correntes de maré.

A Formação Caboclo é composta pela interestratificação de camadas de siltito e lamito depositadas em um ambiente marinho raso dominado por tempestades. Neste ambiente, nuvens de sedimentos criadas durante condiçães de tempestades e dirigidas para as porçães distais da plataforma, depositaram sua carga na forma de lobos. A deposição destes lobos foi orientada segundo eixos alimentadores preferenciais, responsáveis pela definição da espessura, geometria, e estruturas sedimentares das camadas de siltito (sub-litofácies S1, S2, S3 e S4). Quando completa, uma mesma camada de siltito exibe da base para o topo, estruturas sedimentares diagnósticas da combinação de fluxos unidirecionais e oscilatórios, assim distribuidas em uma seqüência idealizada de tempestade: marcas de objeto, laminação plano-paralela, laminação sinusoidal, estratificação cruzada do tipo hummocky, truncamentos de baixo ângulo e marcas onduladas por onda. A elevada quantidade de silte registrada nas camadas de lamito (sub-litofácies L1 e L2), sugere que estas partículas foram também transportadas sob condiçães de tempestade e depositadas logo após este evento. Na direção do topo da Formação Caboclo, as camadas de tempestade exibem maior espessura, sugerindo uma diminuição da lâmina d'água que culmina com a instalação de planícies de maré sobre os sedimentos plataformais.

A formação Morro do Chapéu é constituida na sua porção basal, por sistemas fluviais que retrabalham os sedimentos superiores da Formação Caboclo. Os 2/3 superiores restantes pertencentes a esta formação, correspondem a depósitos associados a uma ampla desembocadura estuarina influenciada por correntes de maré e ondas. Estas correntes de maré modelaram o fundo arenoso em ondas de areia (sand waves) e dunas subaquosas, periodicamente intensificadas durante condiçães de tempestade.

ABSTRACT The detailed description of Caboclo and Morro do Chapéu Formations, in the Morro do Chapéu region, Bahia State, resulted in a better understanding of the dynamics of sedimentation in ancient shallow oceans dominated by storm and tidal currents.

The Caboclo Formation is composed of interstratified siltstone and mudstone layers in a shallow marine environment dominated by storm. In such environment, clouds of sediments evolved during thunder periods, traveling to distal portions of the shelf and were deposited in the form of lobes. Lobes deposition was oriented according to preferential feeding axes. These axes controlled thickness, geometry and sedimentary structures of siltstone layers (Sub-lithofacies S1, S2, S3 and S4). One complete siltstone layer exhibits diagnostic sedimentary structures resulting from combined unidirectional and oscillatory flows. In an idealized storm sequence the distribution from bottom to top is: tool marks, parallel lamination, climbing-ripple lamination in phase, hummocky cross-stratification, low-angle cross-stratification and wave ripples. High amounts of silt in mudstone (Sub-lithofacies L1 and L2) suggest that the particles were also transported under storm conditions and deposited soon after. Toward the top of the Caboclo Formation storm layers are thickens, culminating in tidal plains over shelf sediments.

The Morro do Chapéu Formation is composed at the bottom of fluvial systems which reworked the Caboclo Formation sediments. The other 2/3 top portions correspond to deposits associated with a large estuarine mouth affected by tidal currents and wave. These tidal currents shaped the sandy bottom in the form of sand waves in subaqueous dunes, periodically intensified during storm conditions.