Universidade Federal da Bahia


Curso de Pós-Graduação em Geologia

Dissertação de Mestrado


Moraes, João F. S. de (1992)

Petrologia das rochas máficas e ultramáficas da seqüência vulcano-sedimentar de Monte Orebe, Pernambuco-Piauí.
Data de Aprovação: 14.08.1992
Banca Examinadora: Prof. Shiguemi Fujimori (Orientador), Dra. Maria da Glória da Silva, Dr. Moacyr Moura Marinho.
RESUMO No extremo oeste de Pernambuco, na divisa com o estado do Piauí, ocorre uma faixa de rochas metamáficas intercaladas em xistos e quartzitos, incluindo corpos concordantes e subordinados de metaultramáficas, cujo conjunto constitui a seqüência vulcano-sedimentar de Monte Orebe, considerada do Proterozóico Inferior. Estendendo-se por mais de 90 km na direção geral E-W, a seqüência foi afetada por metamorfismo regional da fácies xisto verde alta a epidoto-anfibolito. O estudo petrológico das máficas tem por finalidade a caracterização química, a definição dos protólitos premetamórficos, suas relaçães e o estabelecimento do provável ambiente geotectânico em que foram gerados. A composição mineralógica dos xistos máficos é formada por clinoanfibólio da série tremolita-actinolita, plagioclásio (An 32-47), epidoto, pouco quartzo e ocasionais porfiroblastos de granada com predominância da componente almandina. Os principais minerais das metaultramáficas são tremolita-actinolita, clorita, talco e serpentina, os quais se distribuem em proporçães variáveis. As características químicas das rochas indicam origem ígnea a partir de um magma subalcalino toleiítico. As metaultramáficas estão mais alteradas que as máficas e o seu quimismo sugere derivação ígnea ultrabásica. O elevado conteúdo de piroxênio normativo das metaultramáficas é comparável à composição dos piroxenitos. As metamáficas parecem não apresentar relação genética com as metaultramáficas. As metamáficas não mostram afinidades químicas com basaltos komatiíticos e as similaridades das metaultramáficas com komatiítos típicos não são conclusivas. As metamáficas são comparáveis aos toleiítos modernos de soalho oceânico e parecem representar um segmento de crosta oceânica antiga na região. Dentro da seqüência Monte Orebe foram detectados anomalias geoquímicas de ouro, provavelmente associadas a zona de cisalhamento. A possível correlação dessa sequüência com o complexo máfico-ultramáfico de Brejo Seco ampliaria em mais de 100 km para oeste a sua extensão total.
ABSTRACT In the western part of the state of Pernambuco, northeastern Brazil, on the border region to the state of Piauí,a zone of meta-mafic rocks occurs, intercalated with schists and quartzites, and including concordant and subordinated bodies of meta-ultramafic rocks. This suite is named Monte Orebe volcano-sedimentary sequence, considered as early proterozoic in age. With a length of more than 90 km, E-W direction, the sequence presents a regional metamorphism ranging from the high greenschist facies to the epidote-amphibolite facies. Petrologic studies performed in mafic and ultramafic rocks, had the main purpose to characterize the chemistry, the definition of pre-metamorphic litologies, their relationships, and to investigate the probable geotectonic setting they were generated. The mineralogical composition of the mafic schists is clinoamphibole of the tremolite-actinolite series, plagioclase (AN 32-47), epidote, chlorite, minor quartz and rare garnet porphyroblasts (dominantly almandine). The main minerals present in the meta-ultramafic rocks are tremolite-actinolite series, chlorite, talc and serpentine, distributed in variable proportions. The chemical characteristics of the mafic rocks suggest an igneous origin, from a tholeiitic sub-alkaline magma. The meta-ultramafic rocks present more altered outcrops than the mafic rocks, and are considered as igneous-ultrabasic derived, given the chemical composition. The high normative pyroxene content of the meta-ultramafic rocks is comparable to the composition of pyroxenite rocks. The meta-mafic rocks seen not to present genetic correlation to meta-ultramafic rocks. The meta-mafic ones don't show chemical affinities to komatiitic basalts. The similarities between meta-ultramafic rocks and typical komatiites do not are conclusives. the meta-mafic rocks are comparable to modern tholeiites of ocean floor geotectonic setting, and, in this region, may represent a segment of ancient oceanic crust. Geochemical anomalies of gold were detected within the Monte Orebe sequence, probably associated to shear zone. It seems possible to correlate the sequence to the Brejo Seco mafic-ultramafic complex. This could extend the Monte Orebe sequence for more than 100 km westward.