Universidade Federal da Bahia


Curso de Pós-Graduação em Geologia

Dissertação de Mestrado


Rosa, Maria de Lourdes S. (1994)

Magmatismo shoshonítico e ultrapotássico no sul do cinturão móvel Salvador-Curaçá, maciço de São Félix: geologia, mineralogia e geoquímica.
Data de Aprovação: 19.11.1994
Banca Examinadora: Dr. Herbet Conceição (Orientador), Dr. Johildo J.F. Barbosa, Dr. Pierre Sabaté, Dr. A.N. Sial
RESUMO O maciço sienítico de São Félix, localizado na região centro-leste do Estado da Bahia, representa uma intrusão alongada na direção N-S, por cerca de 16 km, abrangendo apenas uma área de 32 km2. Este maciço encontra-se encaixado nos terrenos granulíticos do Cinturão Móvel Salvador-Curaçá, dentro de um cisalhamento sinistral regional de dimensão litosférica.

O plutão é constituído por rochas predominantemente leucocráticas, de granulação fina a média, ocasionalmente porfiríticas, apresentando textura gnáissica/milonítica. Três fácies petrográficas foram identificadas: (i) sienito gnáissico (85% da área aflorante); (ii) sienito porfirítico (95); e (iii) sienito máfico (6%). Os minerais foram agrupados em três estágios de cristalização: magmático representado por apatita, zircão, minerais opacos, diopsídio, plagioclásio e feldspato alcalino; tardi-magmático constituído por feldspato pertítico, hornblenda, biotita, quartzo e esfênio: e pós-magmático que engloba epídoto, sericita e minerais de argila.

Os dados de química mineral revelam uma mineralogia comum e monótona nas diversas litologias. O clinopiroxênio comum é o diopsídio embora ocorra augita subordinada. O anfibólio evolui de edenita-hornblenda para actinolita. As micas correspondem a flogopita e biotita. Os feldspatos distribuem suas composições próximo à reta albita/ortoclásio.

Quimicamente, as rochas classificam-se como alcalinas potássicas e metaluminosas. Possuem teores elevados de Ba, Sr, Rb e K e depleções em Nb, Ti e P. Mostram enriquecimento em TRL (32,72<CeN/YbN<48,77). Os dados químicos apontam para ambientes pós-colisionais relacionados à zona de subducção, típicos de uma filiação shoshonítica e ultrapotássica.

ABSTRACT The São Félix syenite massif is located in the central-eastern part of the Bahia State. It is an elongate N-S trending pluton, which extends for about 16 km covering an area of only 32 km2. The massif intruded the granulitic terrains of the Salvador-Curaçá mobile belt, inside a regional sinistral shear with lithospheric dimensions.

This pluton is composed of leucocratic rocks, fine to medium-grained, sometimes porphyritic, presenting a gneissic/mylonitic texture. Three petrographic facies are identified in the massif: (i) gneissic syenite (85% of the outcroping rocks); (ii) porphyritic syenite (9%); and (iii) mafic syenite (6%). The minerals are divided into three crystallization stage: magmatic (zircon, apatite, opaque minerals, diopside, plagioclase and alkali-feldspar); late-magmatic (perthitic feldspar, hornblende, quartz and sphene); and post-magmatic (epidote, sericite and clay minerals).

Mineral chemistry data show a common and monotonous mineralogy for all lithotypes. Clinopyroxene is mainluy diopside with subordinate augite. Amphibole composition ranges from edinite-horblende to actinolite. Micas are phlogopite and biotite. Feldspar composition ranges close to the albite/ortoclase side.

Chemically, the rocks are classified as alkalines and metaluminous. They show high Ba, Sr, Rb and K values and are Nb, Ti and P depleted. They are enriched in LREE (32,72<CeN/YbN<48,77). Chemical data support a post-colisional environment related to a previous subduction zone, through typical shoshonitic and ultrapotassic affinities.