II Encontro de Ex-Alunos e Professores do
Instituto Estadual de Educação
Dr. Carlos Sampaio Filho, Penápolis, SP

Turma "A" de 1969 - 3o Científico (3o Co-A)

Confraternização de 35 anos, programada para 13 e 14/nov/2004

Lista de comparecimento

Lista de endereços

  • Dia 13/11/2004, sábado.
    • Local: Lanchonete Forféia (em frente à FUNEPE) . A partir das 20 horas.
  • Dia 14/11/2004, domingo (véspera de feriado).
    • Local: Hotel Fazenda Caminho do Sol.
      Rodovia Assis Chateaubriand, km 280,7 - Penápolis - SP.
      Telefones: (18) 3462-5542 e 3462-5543.
      Site: www.sakr.com.br/hotelfazenda.
    • A partir das 9 horas.
      - No período da manhã serão servidos petiscos (tira-gostos e algumas caipirinhas)
      - Às 13 horas haverá um almoço de confraternização, do tipo self-service;
      - Preço por pessoa: R$ 45,00 (inclui petiscos, almoço e uso das dependências do hotel: sala de convenção, sala de jogos, piscina, campo de futebol);
      • Reduzido para R$ 40,00 (mensagem de Gilberto em 04/11/04)

    • - Outras bebidas serão cobradas à parte.

     

    Por gentileza, confirmar sua participação até o dia 06/11/2004.
    Contato: Gilberto - telefone: (061) 344-3093
    E-mail: gilbertog@brturbo.com

  • Observação: o convite é extensivo aos familiares e amigos que curtiram aquela época.

  • Comissão organizadora
    Gilberto Gomes dos Santos, Rui A. Tavares da Costa, Floriano Pastore Jr.

Quatro megapixels

Floriano Pastore Jr.
Brasília, 28/08/04 e 10/10/04

Já estávamos na segunda reunião de preparação de nosso encontro de 35 anos do Colegial, aliás, Científico, vendo fotos, lembrando nomes de músicas que povoavam nossas mentes leves naqueles idos de 67, 68 e 69. Incrível, já se foram 5 anos de nosso encontro dos 30, em Penápolis. Foi um nada e estávamos cinco anos mais velhos, uma perda a mais, dentre os que comemoramos os 30, mas a grande maioria, todo mundo muito em cima, espero.

A impressão que me deu foi que Gilberto (hoje, ex-Doidão), Rui (de há muito, ex-Banana) e eu (Ninho, ex-outras várias coisas) havíamos decidido organizar o Encontro 35, como forma de nos permitir e nos obrigar a um pouco mais de convívio. Acossados pelo tempo e pela estranha vida moderna (uma vez vi este termo substituído por hodierna, que bem poderia ser traduzida como mistura de um pouco de odienta com um tanto de moderna), vivemos da casa pro trabalho, ida e volta, volta e ida, os compromissos formais, os amigos de trabalho, etc, etc, que nunca ou pouco nos sobra tempo para coisas de outras essências ou de raiz. E, com certeza, nós três quase não nos vimos desde o Encontro 30. Pronto, já havíamos nos dado o presente de nos ver, pelo menos algumas vezes até organizar o evento.

Quando ninguém toma iniciativa ou mostra interesse por algo, é fácil de se montar uma pequena ditadura naquele ponto específico. E foi o que fizemos, instalando-nos numa troika ditatorial, decidindo tudo, ou quase tudo, do que poderia ser nosso Encontro 35: dia, forma, jeito, quem, quanto, tudo, enfim, era decidido de nossas cabeças, mas sempre acomodando o que imaginávamos ser o desejo ou aceitação da maioria. Uma ditadura com ressonância e apelo popular.
O melhor dia, 14 de novembro, Domingo, aproveitando o feriado na 2ª. O local, o Hotel Caminho do Sol, cada um pagando o próprio consumo de bebidas e uma taxa fixa para a comida, também a ser paga na hora, direto para o hotel. Estariam também incluídos alguns tira-gostos que se atreverem a disputar nosso gosto, em competição com as cervejas, que fatalmente deitaremos. Moderadamente, como reza a propaganda.

Gilberto já se encarregou de selecionar músicas dos velhos tempos e os nomes de músicas, com a idéia de se montar um CD. As lembranças vieram fáceis, jorrando, alimentadas pela saudade. Empacamos ao tentar lembrar o nome e orquestra da música do cinema. Conseguíamos e, por certo, todos, de todas as gerações que por ali passaram, conseguíamos cantar a tal música: tchan tchan tchan tchan tchan tchan tchan, lara laran, lara laran, la ra, la ra ran, la ra, la ra ran.... E tome gosto de piper e cevada na boca, e tome trombada no escuro, e tome bronca por chegar tarde, e tome tudo que era de bom, quando até a tristeza, acho, teimava em ser boa. Tudo no sabor do tempo jovem, tudo ainda por vir.

Gilberto, sempre o velho Gil, estava também recolhendo fotos e tratando de domá-las no tempo e nos modos computacionais de hoje, tudo com muito boa resolução, podia-se multiplicar, cortar, fotoshopiar e tudo o mais. Lá estavam Suzel e Cirinéia em fotos 3x4 de documentos; as deliciosas fotos da festa na casa da Suzel e da excursão a Urubupungá. Que preciosidades. Nós, ali, enfileirados para fotos raras. Gostosamente promissores como o tempo permitia. Intrigava-me o fato de não estar na foto e na festa da Suzel. Sabe Deus por onde andava, quando todo mundo estava ali. As festas nem eram tantas, ou melhor, poucas, as brincadeiras dançantes, imperdíveis. Perdê-las, era perder terreno nalguma paquera engatilhada. Sem chance! Onde estaria eu?

Na foto da excursão me detive demoradamente, face por face, passando em revista a maravilhosa tropa. Ali estavam todos, uns com cara dos Beatles, outros com cara de sonho. Eu com cara de tiro-de-guerra. A fila longa, Jorge, Yamanaka, Sato, Celso, Werner, Pedrinho, Sergio, Zulmira, Gilberto Marques, Onilson?, Beth, Filó, Dora, encoberta, Miura, Benê, Ivan, Mazo, duas encobertas, não sei, João Castilho, encoberto, Zé Corvo, Newton, Ninho, Catatau, Coco, Giembinski, Carlão, Horst, encoberta, Bila, Alda, Graça, Polê, encoberto, não sei, Marta, Eliane, Fal, Elisa, Lucilia, Alzira, parece a Suzel, Suzana, não sei, Fuemi, Dona Sara, Cirinéia e Beth. O sol de cara, a foto demorando, "anda rápido", e num tem todo o tempo do mundo pra foto, tem que ver outras coisas, a obra da represa e o almoço pô, hora do rango e nada de comida. "Vamo logo com esta foto", a buzina, o motorista, já com fome. O barulhinho da máquina, "pronto" e todo mundo andando rápido para o ônibus, pra pegar janela e lugar bom, segura este lugar na poltrona do lado, esperança é a última que morre, quem sabe ela senta aqui...tava indo bem, olhando de longe, quem sabe...aqui dá prá conversar melhor, pelo menos só nós, algo mais cheio, olhando do lado, a janela, disfarça, disfarça... vai passa, vai passa, passô, caramba! tá muito animada com as amigas, foi lá pra trás. Senta aí quem quiser, todo mundo já tá dentro, o ônibus começa a andar, descendo, tamos indo pro fundo do buracão, enorme, num acaba mais, as escavadeiras trabalhando, poeira, muita poeira, o vento toca pro nosso lado, "fecha a janela", a parede enorme da represa, talvez faça engenharia civil, sei lá..., esta bacia enorme..., vai ter tanta água assim?..., este paredão não acaba,...

- Com quatro megapixels fica muito boa ...

Aqueles megapixels ricochetearam pelas paredes do ônibus, sem encontrar seu espaço ali. Os que ouvimos a frase nos olhamos sem entender, o olhar desconfiado, meio desconcertado, a expressão era clara, Quatro megapixels. O termo continuava insepulto e desencontrado no ar, tentando achar uma janela qualquer no ônibus, uma saída no tempo, para que deixassem todos ali tranqüilos de novo. Quatro megapixels! Que raios queria dizer aquilo? Nossos olhares, sem entender nada, no pequeno grupo à volta.

Gilberto completou - minha câmera digital tem uma boa resolução, quatro megapixels, e, por enquanto, não vou comprar outra. Vou esperar um pouco mais e comprar a de cinco...
Ao som de mais megapixels fomos todos nos enrijecendo, o ônibus parando, a memória apagando, a vida voltando ao lugar, aos três eixos, as imagens sumindo, eu tentando ainda, inutilmente, agarrar qualquer mão que estivesse ao lado. Agarrei a poltrona fria. Todos se foram. E a memória tentando, inutilmente, se defender dos megapixels de realidade.